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O site Uol publicou uma matéria intitulada “Por que Rondônia é o estado que mais mata mulheres no Brasil”. A matéria destaca que Rondônia tem a maior taxa de feminicídio do país, quase o triplo da média nacional. Especialistas apontam que o despreparo da polícia, a impunidade e o avanço de igrejas fundamentalistas contribuem para esse cenário. O texto também apresenta um caso de tentativa de feminicídio em Rondônia, onde a vítima foi esfaqueada pelo ex-marido em frente da casa. A matéria ainda discute como o patriarcado e as ideologias machistas contribuem para a objetificação e o subjugo da mulher em Rondônia.
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Por que Rondônia é o estado que mais mata mulheres no Brasil
"A mulher denuncia e muitas vezes ela não tem para onde ir. Mesmo quando existe medida protetiva dada pela Justiça, o agressor não deixa de perseguir a mulher porque ele imagina que a polícia não vai chegar a tempo de evitar o crime. E não chega mesmo", analisa Benedita Nascimento, ativista e membro fundadora do Fórum Popular de Mulheres e do Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia, em Rondônia.
Para Nascimento, que atua na rede de enfrentamento contra a violência doméstica na capital Porto Velho, o empenho de delegadas e promotoras é notável, mas a falta de pessoal ajuda a explicar a alta taxa de feminicídio.
"Há um déficit de serviço na área de segurança pública. As delegacias da mulher não têm o aparelhamento necessário, equipe técnica e policiais suficientes. É por isso que as mulheres estão morrendo", justifica, pontuando que há oito delegacias especializadas para todos os 52 municípios de Rondônia.
Questionada, a Secretaria de Segurança Pública do estado não respondeu.
Além da ausência do estado, Nascimento vê despreparo de vários setores da sociedade para enfrentar o grave cenário. "Estou falando de escolas, de unidades básicas de saúde, de equipes de médico da família, de líderes em igrejas que não estão preparados para fazer leituras de sinais de uma mulher, de uma família, que vive em situação de violência. Temos uma atuação particular dos movimentos sociais, mas falta o resto", afirma.
Igrejas e opressão da mulher
Com um olhar crítico sobre os comportamentos da sociedade, Marcia Oliveira, professora da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e pesquisadora do Observatório das Migrações em Rondônia, ligada à Universidade Federal de Rondônia (Unir), estuda há anos o contexto da produção desta violência.
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"Ela vem sendo construída. Na Amazônia, historicamente, houve muita violência na formação dos próprios estados. É um processo contínuo de violação dos direitos humanos, violências contra indígenas, aos mais pobres. Vai se criando um estado de violência", destaca Oliveira em entrevista à DW.
O crescimento no campo político da direita conservadora, argumenta Oliveira, teria uma influência ao provocar o silenciamento das mulheres, principalmente nos movimentos sociais, e promover a repressão da participação política feminina nos quadros políticos.