A utilização de agrotóxicos em época de florada e de forma indiscriminada pode ter causado a morte de milhares de abelhas na região de Alto Alegre dos Parecis, interior de Rondônia. Em análise laboratorial, a Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia – Idaron confirmou que a aplicação de agrotóxicos à base de Fipronil em cafezal dizimou diversas colmeias que eram criadas por um apicultor e pode ter sido responsável pela morte de outras milhares de abelhas silvestres.

Para evitar a morte de outros enxames e impactos ambientais, técnicos da Agência Idaron intensificaram as ações de fiscalização e de orientação aos agricultores para conter o uso indiscriminado dos agrotóxicos em culturas não autorizadas para determinados tipos de defensivos agrícolas. “Além disso, organizaremos reuniões nas regionais, em colaboração com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Rondônia – CREA e a Associação dos Engenheiros Agrônomos de Rondônia – AEARON, para tratar do assunto diretamente com os agrônomos responsáveis técnicos.

O propósito é impedir o uso de agroquímicos autorizados para uma determinada cultura em outras plantas que não possuam autorização”, explicou o Coordenador do Programa de Agrotóxico da Idaron, Sirley Ávila Queiroz.

IMPACTO DOS AGROTÓXICOS NAS ABELHAS

Conforme Sirley Ávila explica, o Fipronil é um inseticida de amplo espectro que prejudica o sistema nervoso central dos insetos, causando sua morte.

Outros agrotóxicos também são nocivos para as abelhas, dentre eles os que contêm compostos do grupo Neonicotinoide, que são amplamente utilizados em todo o mundo. O principal componente desse grupo é o Imidacloprido, que é aplicado nas plantações de arroz, algodão, batata e várias outras culturas.

Essas ameaças significativas para as abelhas ocorrem devido ao uso de inseticidas em plantações que têm flores, seja diretamente nas folhas, misturados na água de irrigação ou até mesmo nas sementes das culturas. Isso significa que as abelhas podem ser prejudicadas se ingerirem néctar ou pólen contaminado por esses produtos químicos, resultando na devastação de enxames ou na contaminação do mel. É crucial reconhecer esse risco para a saúde das abelhas e utilizar apenas agrotóxicos adequados para a cultura, respeitando a fase da planta e as condições de aplicação indicadas. Além disso, vale destacar que essa contaminação do mel também representa uma preocupação relevante para a saúde humana.

CRIADORES DE ABELHA, NOTIFIQUEM!

Em caso de mortandade repentina de abelhas adultas ou se apresentarem comportamentos atípicos ou problemas com as crias, os produtores rurais devem informar o incidente à unidade da Agência Idaron mais próxima. Isso permite uma investigação para analisar a causa dos eventos. Além da intoxicação por agrotóxicos, outras condições e doenças podem estar relacionadas à mortandade ou comportamentos atípicos das abelhas. É essencial que a Idaron realize essa investigação buscando descartar doenças de atenção veterinária inexistentes em nosso estado ou país ou que podem ter algum impacto na comercialização dos produtos apícolas. A detecção precoce é fundamental para evitar a disseminação para outros enxames.

USO ADEQUADO DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

“Estamos em época de florada, então, o uso irregular de defensivos agrícola pode representar grave ameaça ao ecossistema. O ideal é que o agricultor, antes da utilização de qualquer agrotóxico, consulte o responsável agrônomo e verifique se o inseticida usado é o ideal para a lavoura cultivada”, destaca Sirley Ávila.