O duplo homicídio registrado em Ouro Preto do Oeste nesta quinta-feira (03) é mais um capítulo de uma matança na cidade que teve início na noite de 14 de junho na avenida Jorge Teixeira, crime de execução que teve como vítima Gustavo Gomes, 30 anos, e, mais recente, do jovem Herikson Augusto Nunes da Silva, 18 anos, perseguido e assassinado na noite de terça-feira (01/07) na área central da cidade.

No dia 23 de junho, um jovem de 22 anos foi cercado, sofreu um homicídio tentado ao ser atingido por sete disparos no Bairro Alvorada, e se encontra entre a vida e a morte em um hospital de Cacoal.

Ontem cedo, a Polícia Militar localizou dois cadáveres em uma casa na rua Sebastião Arrabal Conde, no Conjunto Habitacional Ouro Preto II. Os mortos era Luan dos Santos Souza, 27 anos, egresso do sistema prisional que fazia uso de tornozeleira, e Henrique Gabriel de Jesus, de 19 anos. No primeiro momento, foi divulgado que a segunda vítima era adolescente.

Segundo a polícia, Henrique Gabriel de Jesus era o único que estava com as mãos e os pés presos. Os dois corpos foram descobertos por um vizinho que estranhava a ausência de Luan, que costumava sentar-se em uma cadeira em frente à sua casa, e quando se avistou os dois corpos, acionou a Polícia Militar.

Havia uma caixa de som do lado de fora da casa, testemunhas informaram que na noite anterior houve uma festa regada a bebidas e uso de possíveis substâncias entorpecentes, e que por volta da meia-noite foram ouvidos estampidos de arma de fogo.

Luan dos Santos Souza propôs cinco tiros de bala, sendo um na nuca, um nas costas e três no ombro direito. Já a vítima Henrique Gabriel propôs aproximadamente sete tiros de bala, sendo um dos tiros no olho esquerdo. A Polícia Civil informou que a equipe da Perícia Criminal derrotou no local do duplo homicídio que os crimes foram cometidos com duas armas de fogo, calibres .380 e 9mm.

JOVEM MORTO NÃO TINHA PASSAGEM PELA POLÍCIA DE OURO PRETO DO OESTE

O jovem Henrique Gabriel de Jesus não tinha passagem pela polícia, não há registro criminal em seu desfavor na UNISP em Ouro Preto do Oeste, os policiais não o conheciam e talvez por isso acharam que se tratava de um menor.

Na execução, somente ele tinha mãos e pés presos e levou um tiro no olho. O rapaz assassinado no pátio do posto na noite de terça-feira também levou um tiro no olho, disparo típico de execução de uma facção criminosa contra algozes.

O jornal Correio Central apurou que Henrique Gabriel foi morar na casa de Luan havia pouco mais de uma semana, e antes ele morava numa casa localizada na BR-364. Não residia com o pai e os avós ou familiares que ele tem na cidade.

"Ele nasceu em Ouro Preto do Oeste e foi residir em Porto Velho aos 2 anos de idade, e retornou adolescente, chegou a ser internado por causa do vício maldito e o que a gente sabe é que ele não conhecia o homem que ele foi morar com ele, o Henrique não cometia crimes", disse um familiar de parente do jovem morto, que pediu o anonimato e a preservação do seu nome

"Tanto o pai quanto os avós nunca receberam reclamação na porta de casa que ele tivesse roubado alguma coisa ou feito mal para alguém, ele estava trabalhando e de repente decidiu ir morar naquela casa. O avô está viajando, o carro quebrou na estrada e ele nem vai chegar em Ouro Preto pro enterro", lamentou a pessoa que relatou um pouco da vida do jovem morto, que chegou a tentar sair do vício de drogas buscando internação.

A Polícia Civil investiga o crime que está relacionado com disputas entre facções. Até o momento, foram quatro homicídios e uma tentativa de homicídio.