Notícia
As comemorações ganharam dimensões no Nordeste, mas de Norte a Sul do País as festas juninas fazem a alegria de muita gente. Incentivadas por motivos religiosos, as festas geralmente homenageiam São Pedro, Santo Antônio e São João. Alvo das crendices, superstições e simpatias, são muito lembrados nos festejos, mas na hora de provar as delícias da época, o reinado é do milho.
Por incrível que pareça, as festas juninas, muito tradicionais no Brasil, surgiram na Europa com o objetivo de comemorar a fertilidade da terra e as boas colheitas. Era uma festa pagã e só se tornou parte do calendário cristão na idade média.
As comemorações chegaram ao Brasil junto com os portugueses durante o período colonial, que numa miscigenação cultural (europeia, indígena e africana) transformou-se numa diversidade que mistura cultura religiosa, comidas típicas e valorização da vida no campo. E é no campo que encontramos a base da maioria dos pratos típicos oferecidos nas quermesses das escolas, igrejas e até em condomínios residenciais que aderiram às comemorações: o milho.
Produzido em larga escala para silagens e grãos, o milho faz parte da cultura do campo e é fonte de energia para quase todas as espécies. Em Rondônia encontramos também, principalmente em propriedades de agricultura familiar, a produção de milho para consumo. É o caso do agricultor Antônio Francisco dos Santos, morador da Linha FA 01, em São Felipe do Oeste. Ele, sua esposa Rosilma Diniz e sua filha Rosilva Diniz acreditaram no potencial produtivo e juntos instalaram uma agroindústria para produzir derivados do milho.
A produção varia entre pamonha e curau (canjica), comercializados nas feiras livres de Pimenta Bueno, São Felipe do Oeste e Parecis. “São 400 pamonhas e 200 curaus (canjicas)”, disse o gerente do escritório da Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural (mater-RO) de São Felipe do Oeste, Daniel Carlos de Souza, que presta assistência à família.
A família também foi inserida nas políticas de desenvolvimento da agricultura do governo estadual onde comercializa parte da produção para o Programa de Aquisição de Alimento (PAA). Em parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), eles entregam semanalmente mil pamonhas.
Também inserida no Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), a família entrega quinzenalmente mais mil pamonhas para a alimentação dos alunos da rede municipal. “Somente com a produção da agroindústria, a renda anual da família ultrapassa os R$ 70 mil”, disse Daniel.
AGROINDÚSTRIA
Com forte potencialidade para a cultura do milho, devido à fertilidade do solo e dedicação dos agricultores familiares, São Felipe do Oeste abriga mais uma agroindústria de produtos derivados do milho. É a pamonharia da dona Clarice Bagatin, da Linha FC 01. Ela e seu filho, Valter Bagatin, produzem, além da pamonha, bolo de milho e curau (canjica).
Assim como a família do seu João, dona Clarice e o filho comercializam os produtos nas feiras livres de Rolim de Moura e Pimenta Bueno e distribuem para pontos comerciais e supermercados locais, gerando uma renda anual de R$ 116 mil.
O gerente da Emater-RO explica que as famílias recebem assessoria desde 1993. “Hoje elas já possuem o selo do Serviço de Inspeção Municipal (SIM), que lhes garante a comercialização de produto devidamente inspecionado”.
As agroindústrias também recebem acompanhamento técnico da Secretaria Municipal de Agricultura e participam do Projeto de Agroecologia, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), executado pela Emater-RO, além de participarem de outros programas de governo, como o de Habitação Rural e Crédito Rural, com financiamento pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).