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Ciclos migratórios fazem parte da história dos 34 anos de Rondônia; conheça

Fonte: Da Assessoria para o Rolnews
22/12/2015 17h 14min

Notícia

Ciclos migratórios fazem parte da história dos 34 anos de Rondônia; conheça

Os 34 anos de criação do Estado de Rondônia, comemorados nesta terça-feira (22) são apenas uma faceta da recente ocupação desta parte da Amazônia Ocidental Brasileira. “O tempo todo vivemos fases migratórias desde a colonização portuguesa, dos primeiros núcleos de povoamento até o início da construção das hidrelétricas do rio Madeira na primeira década dos anos 2000”, explica o professor de História da Universidade Federal de Rondônia, Marco Antônio Teixeira.

O Exército Brasileiro inseriu-se na história regional desde os tempos em que os 237,5 mil quilômetros quadrados da Rondônia de hoje faziam parte do Estado de Mato Grosso. Pelotões e destacamentos de fronteira em Porto Velho, Guajará-Mirim e Forte Príncipe da Beira guarneciam a região na década de 1930, no auge do ciclo da borracha.

De acordo com o professor Teixeira, a visão crítica de Aluízio Ferreira assegurou a continuidade do povoamento. “A presença militar se tornou permanente, inteligente e decisiva”, opina.

Para melhor compreensão das distintas fases, ele menciona o período colonial, quando o governador da Província de Matto Grosso [grafia da época], Antonio Rolim de Moura fracassou na tentativa de trazer açorianos, madeirenses e cabo-verdianos.

A região conhecida por Inferno da América, a mais insalubre da Terra, impediu essa primeira grande corrente migratória. Mesmo assim, buscava-se o estímulo ao assentamento de pessoas “com penas administrativas e penas de morte”.

“Significa dizer que a região mato-grossense [até Santo Antônio do Rio Madeira] e amazonense [a partir dali] foi um presídio a céu aberto”, assinala o professor. Essa ideia de ocupação prevaleceu na sobrevida do Forte Príncipe da Beira durante o período imperial.

As portas à migração por rodovia foram abertas pelo primeiro governador, coronel Aluízio Ferreira. Por iniciativa dele, abriram-se os primeiros 20 quilômetros de estrada no sentido Capital-Ariquemes, então, apenas um posto telegráfico na floresta. “Ele aproveitou bem o trabalho do marechal Cândido Rondon, de quem era amigo”, observa o professor.

A instalação do 5º Batalhão de Engenharia de Construção (BEC) em Porto Velho, em 1966, possibilitou a manutenção e a trafegabilidade da BR-364, cujo asfalto só fora inaugurado em meados dos anos 1980.

Foi o 5º BEC que desativou a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, estabelecendo a ligação rodoviária entre Porto Velho e Guajará-Mirim.

MÃO DE OBRA ESCRAVA E DESPOVOAMENTO

Bons resultados da mineração do ouro no século 18 e a presença militar completaram-se com o uso abundante da mão de obra escrava de origem africana.

“Diferentemente do restante da Amazônia, aqui no Guaporé a mão de obra indígena teve utilização restrita, porque em áreas de fronteira a rebeldia possibilitaria uma aliança entre índios e espanhóis, o que já havia ocorrido durante as missões jesuíticas do rio Itonamas [afluente do rio Guaporé]”, analisa Teixeira. Na região se deu a maior vitória portuguesa na batalha da ocupação.

No século 19, os brancos abandonaram a região, nela permanecendo apenas os negros. Temendo o maculo, governadores de Mato Grosso evitavam Vila Bela da Santíssima Trindade e a região do Guaporé. Um deles, João de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, morrera vítima dessa doença, conjugada com a malária.

“Por causa das doenças, a primeira aula de medicina do País se deu em Vila Bela. Um médico francês refugiado em Pedras Negras atendia as vítimas permanentemente”, conta o professor.

A monção fluvial do porto de Belém (PA) a Vila Bela levava dois anos, de ida e volta. Nos trechos encachoeirados, os homens descarregavam e recalafetavam batelões, passando por picadas. Teotônio, Jirau e Caldeirão do Inferno eram os piores trechos desse percurso.

O governo imperial tentou, sem êxito, outros núcleos de povoamento, que só dariam certo na segunda metade do século 19. O Vale do Madeira se tornava propriedade de grandes seringalistas bolivianos, e eles usavam a força indígena das regiões do Beni e Pando [Amazônia Boliviana].

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AYACUCHO E PETRÓPOLIS

“O Tratado de Ayacucho restringia o fluxo, mas em 1870 a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré deu início a novo surto migratório, conforme narra o historiador americano Neville Craig no livroEFMM – História trágica de uma expedição”.

E aí vieram os nordestinos para esta parte da Amazônia Ocidental, entre 1870 e 1880. Segundo estudos do Barão de Marajó, nessa década estimavam-se em aproximadamente cinco mil os moradores da região do Madeira, que já dispunha de serviço regular de navegação. “O rio é o grande condutor da migração”, comenta Teixeira.

 

“O rio é o grande condutor da migração”, Marco Teixeira, historiador.

 

Viajando pelo litoral, eles desembarcavam na Baía de Guajará em Belém e de lá navegavam em navios insalubres até Santo Antônio do Rio Madeira, onde os aguardavam diversas doenças infectocontagiosas.

A história é sabida: eles enfrentaram o beribéri [inchaço no pescoço], a malária, e se valiam de frutas cítricas para controlar o bócio, acrescidas de iodo e sal.

A assinatura do Tratado de Petrópolis em 1903 reforçou a necessidade de povoamento. Em 1905, o engenheiro carioca Joaquim Catramby venceu a licitação, repassando os direitos a Percival Farqhuar, que em 1907 mandou fundar Porto Velho.

A essa altura, 22 mil trabalhadores estavam em Porto Velho. Eles foram recrutados em 25 países. Eram antilhanos, barbadianos, brasileiros, chineses, cubanos, granadenses, espanhóis, indianos, italianos, libaneses, mexicanos, norte-americanos, noruegueses, poloneses, porta-riquenhos, poloneses, portugueses, russos, sírios e tobaguenses.

O declínio da borracha ocorreu em 1913, havendo novo refluxo no povoamento. Dos anos 1970 à recente chegada de haitianos, vítimas do terremoto de 2010, a migração para Rondônia não parou mais.

HIDRELÉTRICAS

Estima-se que pelo menos 80 mil pessoas chegaram ao estado, atraídas por vagas nos canteiros de obras das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio. “Entre aquele o ciclo ferroviário e as hidrelétricas temos um intervalo de cem anos”, assinala o professor.

A transmissão da energia do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira inclui duas linhas de 600 KW com corrente contínua [3.150 MW cada], atravessando o Brasil numa extensão de aproximadamente 2.370 quilômetros, até Araraquara, seguindo por Atibaia (SP) até Nova Iguaçu (RJ).

Agregam-se ao sistema duas linhas de 500 KW, corrente alternada [400 MW], passando por Cuiabá (MT) até Itumbiara (GO). O braço Porto Velho-Rio Branco (AC) é de 500 quilômetros.

“O povoamento iniciado com ouro e borracha passou pelas drogas do sertão e atualmente a borracha é a energia elétrica vendida para outras regiões brasileiras; sem a eletricidade produzida na Amazônia, o País fica às escuras”, analisa Teixeira.

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