Notícia
É provável que a maior parte das pessoas imagine uma viagem até Marte como alguma variação de sequências cinematográficas hollywoodianas. Entretanto, semelhante atividade logística envolveria todo tipo de risco à integridade física e mental – desde várias formas de câncer e alterações de DNA provocados pelas radiações cósmicas até um simples (e trágico) inconveniente técnico a muitos milhares de quilômetros da Terra. Ou, conforme indicou uma pesquisa recente, o seu cérebro pode ser danificado depois de algum tempo.
Tal estudo foi apresentado pela NASA durante a última edição da conferência Federation of European Neuroscience Societies, realizada em Berlim (Alemanha). O processo envolveu um grupo de 16 voluntários colocados por 30 dias em condições semelhantes às de uma viagem ao planeta vermelho. Ao final do período, os cientistas perceberam um encolhimento de 3% numa porção do cérebro conhecida como hipocampo; entre outras funções, essa região é fundamental para a formação de novas memórias.
De acordo com os pesquisadores, a alteração provavelmente é resultado do stress gerado pelas condições de isolamento e vigilância constante a que foram submetidos os participantes. Os responsáveis também descartaram quaisquer efeitos danosos oriundos da inatividade, já que os participantes praticaram exercícios físicos em uma média de seis dias por semana. De qualquer forma, não se sabe ainda o que causou a alteração fisiológica – tanto podem ser perdas de conexão neural quanto uma reorganização do cérebro.
Efeito não seria permanente
A NASA reforçou durante a apresentação, entretanto, que os danos causados por uma viagem a Marte dificilmente seriam permanentes, dada a plasticidade própria do cérebro. Ademais, embora o hipocampo responda também por funções de localização espacial, testes conduzidos pela agência mostraram que os astronautas em potencial mantiveram inalteradas suas capacidades de navegação.