Notícia
Nas margens do Rio Guaporé, 14 índigenas com um sonho em comum, participaram do primeiro vestibular aplicado dentro de uma aldeia em Rondônia. Todos desejam ingressar na universidade. A prova foi aplicada na aldeia Ricardo Franco, próximo ao município de Guajará-Mirim (RO).
Para chegar na aldeia, a equipe que auxiliou no processo de aplicação das provas viajou por 10 horas, sendo seis horas na estrada e mais quatro pelo rio.,
Os 14 indígenas, de nove aldeias diferentes, se inscreveram para o curso de Licenciatura em Educação Básica Intercultural, na Universidade Federal de Rondônia (Unir), no campus de Ji-Paraná (RO). O curso existe há 10 anos com a finalidade de formar educadores para atuarem nas escolas indígenas. O vestibular foi realizado no último sábado (11).
"Aplicar a prova aqui é oportunizar condições mais justas para esses candidatos ao ensino superior”, explicou a professora Josélia Gomes Neves.
Uma das inscritas é Gleiciane Canoé, ela fez o vestibular em 2013, mas não foi aprovada. Por causa das dificuldades no deslocamento, precisou abandonar por cinco anos o sonho de tentar novamente uma vaga na universidade.
“Quando eu soube que ia ter vestibular aqui eu até me assustei, porque todos os vestibulares são na cidade. Quando falaram que ia ser aqui eu pensei, vou me inscrever o mais rápido possível porque eu não quero perder", disse Gleiciane.
Gleiciane é professora na escola da aldeia, ela leciona para os alunos do 1º ao 4º ano do ensino fundamental. Segundo ela, a vontade de continuar estudando é justamente para melhorar seu desempenho como docente.
"Eu quero dar continuidade no meu estudo para que eu possa trazer mais novidade para os meninos da minha turma, que estão precisando muito", afirmou.
Na aldeia Ricardo Franco já existem professores que foram formados pelo curso de Licenciatura em Educação Básica Intercultural, entre eles está Vandete Djeoromitxi. Ele se formou em 2015 e afirma que estudar é importante para defender a comunidade.