Notícia
‘‘Estávamos preparados para enfrentar adultos, mas temos nos deparado com adolescentes, e até crianças em crimes e alguns utilizando armas de brinquedo’’, contou o comandante do 1° Batalhão da Polícia Militar, tenente coronel Antônio Matias de Alcântara. Este ano, pelo menos dez ocorrências de delitos com uso de armas de brinquedo foram registradas pelo batalhão.
Mais que uma brincadeira, o uso de armas infantis é considerado um estímulo para a prática da violência. Diante da problemática, o 1°BPM criou o projeto ‘‘Arma não é brinquedo’’, cuja campanha acontecerá de 7 de dezembro deste ano a 7 de junho de 2017, com a troca de armas de brinquedos por livro e outros divertimentos infantis. O projeto conta com o apoio do Ministério Público de Rondônia, Poder Judiciário, Assembleia Legislativa e o setor de Segurança Pública.
‘‘Vamos espalhar vários pontos de arrecadação em todo o estado, a expectativa é recolher cinco mil armas de brinquedo que ao final da campanha serão destruídas em local público’’, afirmou o comandante.
Além dos quartéis de todo o estado, o aeroporto e rodoviária da capital, a Assembleia Legislativa e o Ministério Público de Rondônia servirão de ponto de apoio para a campanha. O comandante pretende também contar com a parceria do setor comercial de Porto velho para expandir os locais de arrecadação.
PIONEIRISMO
Para o comandante, é preciso ir além. Ele apresentará ainda neste mês na Assembleia Legislativa a proposta de tornar o Estado de Rondônia pioneiro na criação de uma lei que proíba a venda de armas de brinquedo. A mesma proposta também será apresentada ao Juizado da Infância e Juventude do Ministério Público e à Ordem dos Advogados Brasileiros, Seção Rondônia (OAB-RO).
‘‘Quando a gente dá uma arma de brinquedo para uma criança, isso aguça a curiosidade, e ela passa toda a agressividade que tem para aquela arma de brinquedo. É brinquedo, mas acaba estimulando a violência, e a gente não resolve nossos conflitos através de arma’’, destacou o comandante que acredita que mais que repreensão, é preciso investir na prevenção.
O 1° Batalhão da Polícia Militar desenvolve, através do Núcleo de Polícia Comunitária, oito projetos sociais, e tem visto o resultado de mostrar para a sociedade o outro lado da polícia, aquela que está presente antes dos crimes acontecerem, que entra nas comunidades mais carentes, e com maior incidência de crimes, e mostra que é possível ‘‘virar o jogo’’ sem disparar um tiro, mas através de educação, esporte e conscientização.
O projeto ‘‘Arma não é brinquedo’’ também busca mudar a imagem dos policiais perante a sociedade. ‘‘Hoje a gente verifica que as crianças imitam mais os bandidos do que os policiais, e é justamente isso que queremos reverter’’, afirmou. O 1°BPM tem conseguido quebrar a barreira do distanciamento da sociedade com os policias através de iniciativas de cunho social.
PROJETOS
Sou mais que vencedor – Dos oito projetos sociais realizados pelo 1°BPM, o ‘‘Sou Mais que Vencedor’’ serve de exemplo de como é possível transformar vidas através do esporte. Há cerca de quatro anos em funcionamento, a iniciativa é realizada na Escola Estadual Governador Jesus Bulamarque Hosannah, em Porto Velho.
Cerca de 1,4 mil estudantes já foram beneficiadas pelo projeto ao longo desses quatro anos com aulas de artes marciais. ‘‘Aquilo que o esporte não recuperar, só Deus. Toda criança que pratica esporte tem saúde, aprende a dividir, ter espírito de liderança. Nunca vi ninguém que tenha entrado nos esportes e tenha se perdido’’, apontou o comandante.
Um dia no Quartel – Esse é outro projeto que tem feito a diferença. A proposta é simples. A visita de estudantes da rede pública de ensino a estruturas de segurança pública de Rondônia. A ideia é mostrar que a polícia está a serviço da sociedade e ao mesmo tempo incentivar os próprios policiais a darem um novo sentido à missão que possuem.
‘‘Protegemos a vida de todos com a nossa própria vida’’, afirmou o comandante. Os estudantes que participam da visita que acontece uma vez ao mês recebem uma cesta básica e mais um kit que inclui camiseta, caneca e um calendário personalizado. O projeto atendeu a 37 crianças desde que foi criado em novembro de 2015, e tem 500 na fila de espera.