Notícia
rofessora Elizângela Dell-Armelina Suruí produziu um material didático que mescla o estudo da língua portuguesa e língua Suruí. A aldeia Nabekod Abadakiba é historicamente conhecida em Cacoal como o local onde aconteceu o primeiro contato dos indígenas Paiter Suruí com os não indígenas, em 1969. Com a ideia da professora, a aldeia, localizada na Linha 12, área rural do município, volta a ser destaque na educação.
Entre os 10 projetos premiados pelo Prêmio Educador Nota 10, está o projeto de alfabetização Mamug Koe Ixo Ti, desenvolvido pela professora Elisângela Dell-Armelina Suruí com alunos do Ensino Fundamental I.
Os 10 vencedores receberão R$ 15 mil cada. Além disso, o Educador do Ano será premiado com mais R$ 15 mil e um vale-presente de mais R$ 5 mil para a escola onde trabalha. Ele será conhecido em cerimônia no dia 30 de outubro, em São Paulo, com a presença de todos os educadores finalistas.
“Em sala de aula, nós sentíamos a necessidade, ao repassar os conhecimentos aos alunos, que eles entendessem também os conhecimentos através da sua língua materna. Era preciso trabalhar com eles a língua materna, para aí sim inserir novos conhecimentos”, explicou a professora.
Os alunos da classe multiseriada de 1º a 5º ano tinham tanta dificuldade para escrever no seu idioma indígena quanto para entender os materiais didáticos em língua portuguesa. Por isso, ela preparou junto com eles um caderno de atividades de escrita e leitura na língua materna, estabelecendo relações com a língua portuguesa e com a de sinais, já que existem alunos surdos entre o povo Paiter. Considerando sua turma multisseriada, ela organizou o projeto para que todos pudessem trabalhar de acordo com seus saberes, potencializando as possibilidades dos alunos mais velhos e dando espaço para a ação dos mais novos.
Na última semana, o vice-governador de Rondônia, Daniel Pereira, visitou a escola Sertanista Francisco Meireles e conheceu o projeto que garantiu a professora Elizângela o reconhecimento nacional como Educador Nota 10.
“É simplesmente incrível o trabalho que a Elizângela desenvolveu nesta escola. É com certeza um momento histórico para a educação indígena, porque este projeto poderá ser usado como exemplo, como base, para que outras escolas indígenas e outras etnias pensem na educação de uma forma tão ampla, de forma multicultural”, destacou Daniel Pereira.