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Historicamente, o Brasil nunca conseguiu oferecer uma educação considerada adequada para todos os cidadãos. Essa é, para alguns estudiosos, uma das grandes causas da desigualdade social do país. No entanto, com a expansão do número de vagas no ensino superior por causa dos programas sociais como o ProUni, e com o crescimento do ensino a distância nos últimos anos, a qualidade assumiu posição central nos debates sobre o acesso de mais pessoas à educação.
Para a professora Rita Tarcia, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a qualidade não pode ser dissociada da quantidade de ofertas e oportunidades para a formação profissional. Ou seja: mais pessoas estudando não significa que a educação melhorou. “Precisamos construir uma nova qualidade, como dizia o educador Paulo Freire, que consiga acolher a todos e a todas. Qualidade significa melhorar a vida das pessoas, de todas as pessoas. Na educação, a qualidade está ligada diretamente ao bem-viver de todas as nossas comunidades”, explica.
Tarcia foi uma das autoras das análises da situação da EAD no Brasil publicadas no último censo da Associação Brasileira de Ensino a Distância (ABED), em outubro.
Segundo ela, a qualidade do ensino na modalidade EAD se estabelece a partir de uma reunião de fatores que, articulados entre si, definem as condições favoráveis para a aprendizagem. “Todo o processo de um ensino a distância deve ser estudado para identificar e definir quais os elementos comuns que são significativos para a qualificação da prática educativa”, diz.
Segundo a ABED, o Brasil tem hoje cerca de 135 mil graduandos em licenciatura e 49 mil pós-graduandos latu sensu. A categoria de especialização latu sensu é a que possui mais ofertas de cursos: são 1.098 grades totalmente à distância. Para os autores do relatório, isso indica que muitos profissionais brasileiros buscam formação rápida e que os recoloque mais qualificados no mercado de trabalho.